quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Capítulo 2 – parte 2: Fracasso


                No domingo da semana posterior, Laércio foi até a casa de sua amada com um buquê de flores. Foi precipitado. Depois de anos num metafórico castelo de marfim, refletindo sobre filosofia, enriquecendo o intelecto, ainda não aprendeu a ter as qualidades masculinas apreciáveis. É uma intelectualidade emocionalmente vazia, destituída de qualquer substância.  Suplica atenção.
- Nada quero contigo, Laércio. Você não preenche o coração. A solicitude não é requisito para a conquista, se a alma não está pré-disposta à paixão. – Falou Amanda devido à presunção do pretendente em pensar que o amor estava disponível assim... Tão facilmente.
- Você ama outro, não é? Ama aquele tal de Ângelo.
- O amor pelo meu chefe não frutifica. Somente gostosa atração física não acalenta sentimento sincero. Estou perdida... Sem rumo.
- Não precisa justificar o fato de você não conseguir se apaixonar por mim. A razão não entende a alma humana. Nem os sistemas filosóficos tornam a vida inteligível, porque são poucas respostas para muitas perguntas.
- Que eu faço? Percebo que você é tão solitário quanto eu. Um inexperiente na arte do amor. Vivo num trabalho no qual não me identifico, usufruto de muita liberdade, mas, não sei o que fazer nas horas de ócio.
- Eu bem sei. Desde a revolução industrial, uns séculos atrás, o homem sempre ficou submetido a um trabalho degradante. Apertar parafusos numa linha de produção e ter a mais-valia extorquida pelo déspota patronal tornou o homem menos do que uma besta. Agora, nessa conjuntura econômica, para criar novos postos de trabalho, a jornada de trabalho teve que ser reduzida para três horas diárias. Isso bestializou o homem, do mesmo modo. Agora, as pessoas têm tempo suficiente para se dedicar à balbúrdia. Tentei me dedicar às atividades superiores, à reflexão filosófica e ao cultivo do espírito, porém, prego no deserto.
- Sempre gostei de escrever. Queria ser escritora. No entanto, tive que cursar administração por um designo bobo de meu pai. Agora, depois de tantos fracassos, minha alma ficou quebrantada, sem forças, não tenho como prosseguir na conquista dos meus sonhos. Fico assistindo novelas, navegando em redes sociais ou dormindo nas horas vagas. É muito entediante.
- Nós dois combinamos nesse ponto. E se você fizesse terapia? Não uma terapia convencional, mas, um tratamento feito sob supervisão do psicólogo Henrique Polito? Ele é capaz de hipnotizar o paciente, fazendo com o mesmo durma e sonhe com uma situação ameaçadora. Daí, o paciente enfrenta o trauma e obtêm a cura.
                As esperanças de Laércio em se apoderar do coração de Amanda frutificaram. Disse o filósofo que os dois devem lutar para divulgar a literatura, humanizar o mundo através das artes e preparar os homens para as atividades superiores, ou seja, a filosofia.


Fazer o bem não importa a quem:


Nesse ano de 2014, fiz um semestre de serviço social na FURB.  Encontrei, na faculdade, acima de tudo, muito calor humano, sorriso, acolhimento e amizade. Mas, apenar disso, por exemplo, os professores, mesmo possuindo boa qualificação e explicarem bem, não vão além da obsolescência do tradicionalismo pedagógico, o velho método de texto, avaliação, prova e apresentação de trabalhos. Como é sabido por todos que o conhecimento não pode ser quantificado, como proceder quanto a avaliar corretamente um aluno? A FURB precisa sofrer uma inversão institucional, ou seja, apostar no valor da convivencialidade. Pode haver uma rede de cooperação para atender demandas comunitárias. Senão vejamos um exemplo: Blumenau precisa de a)saneamento b)moradia c)empregos d)desenvolvimento econômico. Numa aula convencional, ensina-se: a)tratamento de água (engenharia ambiental) b)princípios matemáticos aplicados à engenharia (engenharia civil) c)políticas para a geração de emprego (serviço social) d)empreendedorismo para o fomento da cultura empresarial e crescimento econômico (curso de economia). Conforme explicitado, a prática está dissociada da teoria. Assim, a rede de cooperação da FURB pode funcionar da seguinte forma: ao invés de aulas convencionais, boletins, notas e avaliações, os estudantes poderiam passar por um teste de identificação de aptidões (o eneagrama é um bom exemplo) para colocar cada estudante recém-chegado no curso certo. Os estudantes ficaram o dia todo nas empresas conveniadas com a FURB aprendendo práticas profissionais que se articulassem com as disciplinas. Assim, o os assistentes sociais e professores do Estado e empresas conveniadas com a FURB podem mencionar como a consolidação do capitalismo exigiu a criação da categoria profissional do serviço social (tema do primeiro semestre do curso de serviço social). A partir disso, os estudantes assimilariam a teoria e, a partir da compreensão dos mecanismos excludentes do capitalismo, aprenderiam, na prática, nos locais de trabalho, como se elabora políticas públicas para o fomento do emprego. O ideal seria compreender sobre a consolidação dos mecanismos excludentes capitalistas numa manhã e, de tarde, visitar esferas estaduais que fomentam política pública para a geração de emprego. Cabe a FURB intermediar contatos entre a empresa ou o Estado e o estudante/trabalhador. Toda uma cultura política seria reinventada, porque os estudantes fariam pesquisa, no contra-turno da rotina profissional, fomentando a disseminação de artigos críticos em relação à consolidação do capitalismo e o papel das políticas públicas na geração de emprego. Os estudantes passariam o dia todo aprendendo e trabalhando ao invés de assistirem aula. Conforme a sociedade adquire nova vida política e a economia se dinamiza, é criada a demanda por saneamento e nesse caso, entra o tema de tratamento de efluentes do curso de engenharia ambiental, além da demanda por moradia (engenheiro civil) e fomento de empreendedorismo (curso de ciências econômicas). Uma “lista” de demanda comunitária e como os agentes econômicos (empresas e órgãos públicos) podem atender estas virariam o tema das aulas. Os alunos iriam visitar todas as possibilidades de trabalho que o curso oferece, conforme iam avançando na aprendizagem e nos temas das disciplinas. A visita a escritórios, fábricas e repartições públicas que oferecem oportunidade de emprego resultaria em projetos interdisciplinares. Um estudante de engenharia, por exemplo, poderia contar com a ajuda de um assistente social para entender o processo burocrático por trás da aquisição de uma moradia popular promovida por uma política pública e todos, dentro de suas competências, trabalhariam para o bem da sociedade. Não haverá mais divisão de tarefas, mas, sim, troca de tarefas feitas de maneira comunal. O trabalho assumirá sua verdadeira vocação ontológica, será libertador, possibilitará a emancipação, prazer e contentamento. Conforme os professores notariam que o aluno adquire conhecimento através da visualização, na prática, das rotinas profissionais, um conceito iria ser atribuído ao aluno. Um ensaio crítico sobre a necessidade de se ampliar o tempo não dominado pelo trabalho, o tempo livre, tema da assistência social, a eficiência do aluno em contribuir com o bom andamento do serviço numa delegacia de proteção à mulher, outro tema do serviço social e o bom atendimento num escritório de advocacia (competência emocional) são exemplos de como se pode estimular a inteligência prática. Um processofólio, uma “lista” de ações e projetos bem executados substitui a prova convencional e podem substituir, também, o currículo tradicional, porque trata de trabalhos realmente bem feitos e não de diplomas que para nada servem.  Assim, um banco de dados responsável por catalogar as aptidões de cada um possibilita encaminhar cada um na área correta, depois, no final do curso.



domingo, 28 de dezembro de 2014

Pedagogia de projetos empresariais parte 5:


                Um empreendimento, mesmo o da economia solidária precisa seguir o passo a passo da metodologia de projetos citados anteriormente. Mesmo que se coloque a necessidade humana acima do capital, a produção econômica precisa seguir critérios e organogramas. O socialismo democrático, o radical modelo autogestionário mobiliza esforços em conjunto, eliminando o hiato entre execução e pensamento. A transversalidade do saber abarca as questões de gênero, etnia, direitos humanos, formação para a paz, ecologia e possibilita que o empreendimento cumpra sua função social, sustentável em todos os aspecto, não somente economicamente. O produto fabricado, o serviço prestado e a tecnologia desenvolvida precisam atender a comunidade, disseminação uma cultura de solidariedade. O repasse de itens ou documentos e a posterior saída de novos itens ou documentos numa parte do processo mostram como várias ações estão interligadas. Essa "rede" de processos precisa ser permeada por uma cultura sustentável, solidária e democrática. Compreender que a falta de saneamento é um problema, por exemplo, é identificar uma necessidade. É o primeiro passo para que o empreendimento beneficie a comunidade. O planejamento, a pesquisa e a sistematização do conhecimento deve envolver toda a comunidade, porque é ela que melhor conhece a realidade, suas necessidades e problemas. Optar pela melhor solução tecnológica não é tarefa somente de um determinado setor, mas, como se trata de uma autogestão, todos os trabalhadores precisam opinar, desenvolvendo o direto à autodeterminação. Adequar tecnologia envolve considerar todas as alternativas. Trabalhos manuais repetitivos podem ser feitos por maquinário, por exemplo, o que significa deixar as tarefas mais criativas para o trabalhador. O monitoramento do resultados diz respeito ao número de pessoas incluídas no empreendimento solidário, à quantidade de pessoas beneficiadas pelo produto ou serviço comercializado, à redução do consumo de insumos e outros parâmetros que refletem a sustentabilidade social, ambiental e econômica.  Dados qualitativos, também, podem refletir a eficácia do projeto. Parcerias devem ter o mesmo compromisso com a comunidade, assim como os executores do projeto. Uma equipe técnica com diferentes aptidões pode proporcionar múltiplas oportunidades, o que implica num conhecimento interdisciplinar. Por fim, o orçamento financeiro, se bem feito, pode permitir o progresso do empreendimento.


sábado, 27 de dezembro de 2014

Pedagogia de projetos empresariais parte 4:



                No texto anterior, vimos um rápido resumo de como elaborar um projeto no âmbito empresarial.  Agora, vemos como estruturar um projeto:


1) Nome 
     "Como será conhecido o meu projeto" O nome (ou título) do projeto não é mera formalidade. Serve para facilitar sua identificação. Desde que guarde alguma relação com o tema do projeto.

2) Objetivo(s)
     Este é o momento em que o autor do projeto deve expor a que o mesmo servirá, ou seja, o que se pretende alcançar com ele.

3) Objetivos Gerais
     "Para que estou fazendo o meu projeto?"
      O objetivo geral é o motor primeiro do projeto, é a razão principal do nosso trabalho. Pode traduzir-se em uma ação concreta: "construir uma torre".

4) Objetivos Específicos
     "Através da perseguição do objetivo geral, que outras metas poderão - e deverão -ser atingidas?" Enquadram-se aí os objetivos secundário do projeto.

5) Etapas
     " O que será feito para atingir os objetivos do projeto?"
     Também chamado de "ações" ou "desenvolvimento", este é o núcleo do projeto.

6) Cronograma 
     "Quando será desenvolvido o projeto?"       A duração também depende de sua complexidade.

7) Recursos humanos
     "Quem fará o quê no meu projeto?"

8) Recursos materiais e financeiros
     "De que materiais vou precisar para realizar meu projeto? E quanto terá que ser gasto?"

9) Dados do autor do projeto 
     "Quem é o responsável pelo projeto?" 

10) Outros elementos
      Como não poderia deixar de ser, depois de tanto escrever acerca da ausência de modelos rígidos e de defender o arbítrio e a criatividade de cada um:
- introdução
- local
- atitudes necessárias
- lema
- antecedentes
- fundamentação ou diagnóstico
- órgãos envolvidos
- conclusão

- anexos

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Pedagogia de projetos empresariais parte 3:



                Vejamos, agora, como se acontece a execução do projeto. Primeiramente, analisa-se a necessidade, estabelece-se os limites primários, identifica-se o problema. Com isso, o projeto é segmentado em afinidades competentes, respeitando o caráter multidisciplinar ao se criar equipes para cada questão. O problema, uma vez segmentado em compartimentos (projetos menores), deve ser resolvido através de execução do planejamento, este, por sua vez, sempre gerenciado. Argumentos, por exemplo, que embasam a necessidade de se instalar um sistema público de abastecimento, podem ser o consumo per capta, a população local pesquisada em função do IBGE, cadastros imobiliários, fotos aéreas ou mesmo contagem das unidades em campo, disponibilidade de água a ser demandada, topografias, tipos de solo, desenho da estrutura viária. Tudo deve estar bem claro para a execução. A qualidade do projeto estará em função da sistematização da pesquisa. Documentos que registram decisões devem ser nominadas e assinadas pelos responsáveis para cobrar os resultados. O horizonte de validade definirá o tempo necessário para o atendimento às necessidades. Então, nesta fase devemos observar, por exemplo, se:

Existem informações de causas da necessidade, características sócio-geográficas da ocupação do solo, etc;

Para a definição do escopo podem ser necessárias informações censitárias, ambiental de mananciais de água, etc;

Subsídios que definam o espaço geográfico, se o projeto tratar de uma implementação de infra-estrutura, estrutura viária, divisão imobiliária, topografia e também possibilidades de expansão.

 A pesquisa dever vir a complementar uma informação, ou ainda ser preferencialmente controlável. Os resultados devem ter limites conhecidos ou pré-estabelecidos e as informações iniciais não devem divergir. A organização da pesquisa em escritório e campo pode racionalizar o tempo de execução do projeto. A pesquisa de escritório e o planejamento do projeto, dependendo da magnitude podem se confundir. Pequenos projetos demandam, em via de regra, tempos menores de elaboração e as fontes acessadas para estudo e pesquisa se fazem concomitantes. Usa-se, na pesquisa, base cartográfica, o sistema CAD, planilhas eletrônicas, bibliotecas, livros, catálogos, manuais e normas técnicas. 

Antes de sair a campo, programa-se uma verificação dos materiais para o sucesso da investida. Das pesquisas de escritórios, materiais são elaborados para a pesquisa de campo, que com o auxilio de instrumentos (GPS, localizados de massa metálica, trena, etc) pode-se validar as informações de escritório. Outra demanda de campo pode ser preparada para diferentes necessidades. A adoção da melhor tecnologia deve estar fundamentada para que ela tenha algum diferencial. É adequada a tecnologia ao contexto. Depois, parte-se para a ação. Além disso, especifica-se a estrutura que estará envolvida na realização das ações do projeto. Uma vez implementada as ações de um projeto as mesmas devem ser avalizadas através de métodos estabelecidos.



quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Capítulo 2 – parte 1: Fracasso


                Uma leve atração em relação ao professor de filosofia era sentida por Amanda.
                Atração não fomentada da maneira correta. Laércio Botelho é, igualmente, um fracasso como Amanda... Em tudo. No triângulo amoroso, Ângelo, o mais sabido e experiente no jogo da sedução, tinha enorme vantagem.
- O grande inconveniente da vida real é que o homem superior, aquele cujos atributos superam a mediocridade dos homens medianos, genéricos e simplórios, é que as qualidades se tornam defeitos. Sempre o homem movido por instinto, pelo egoísmo ou pela rotina vulgar obtém mais sucesso do que aquele obstinado que tenta se elevar acima das banalidades. A pessoa demasiadamente correta sempre se frustra em suas expectativas – Laércio repetia para sim mesmo, em seu íntimo.
                O intelectual, enclausurado em seu majestoso castelo de marfim, papagaiando filosofias ininteligíveis para a massa inculta, não é um homem de negócios ou alguém de ação. Filosofia nunca deu dinheiro para ninguém. Somente mais um que prega no deserto as papagaiadas desinteressantes. A festa termina com Ângelo conseguindo marcar um novo encontro com a subordinada, Laércio frustrado e Amanda feliz por ter obtido êxito em sair um pouco de seu dia a dia maçante. Mas, a moça sabia que o chefe desejava apenas sexo e nada mais. O sexto sentido alertava sobre o avanço do moço. Ceder ou não?

                No sábado da mesma semana, os dois se encontraram. Conversaram. Divertiram-se à beça no cinema. A secretária, jogada na vala comum dos dilemas existenciais, ao final do encontro, teve coragem suficiente para resistir aos encantamentos do cafajeste. Sabia que uma noite de sexo selvagem iria aliviá-la momentaneamente, ao invés de tirá-la permanentemente de uma vida sem perspectiva de desenvolvimento pessoal.   

Pedagogia de projetos empresariais parte 2:


                               Estamos falando sobre projetos empresariais nessa série de tópicos. Numa definição simples, nota-se que planejar é decidir por antecipação o que deve ser feito e mais: o como, o quando, o quanto, por quem e onde, e isto depois de indagar por que. A decisão por antecipação possibilita:

Racionaliza o tempo
Evita desperdício em todos os sentidos
Calcular imprevistos e a prever reações a problemas antes que eles ocorram
Coloca o objeto do trabalho, de uma forma organizada, ao conhecimento de outras pessoas
Deixa registrados os passos de uma ação complexa
Orienta e motiva o alcance do objetivo


                Gerir um projeto significa conduzir um conjunto de processos interligados, os quais se sobrepõem e interagem ao longo do projeto. Um processo é um conjunto de ações que, para acontecerem, precisam receber produtos ou dados de outros processos (entradas) e que ao terminarem, geram produtos ou informações (saídas), que podem ser utilizadas como entradas em outros processos. Alguns pontos são fundamentais no momento de planificar e executar o projeto:

Percepção da necessidade
Desenvolvimento de estudos e o planejamento das ações
A realização de pesquisas de escritório e campo
Análise de alternativas técnicas
A adequação da solução ou conjunto de alternativas
Definições de encaminhamentos (materialização da solução, registro das concepções e especificações, mensuração, etc).

A estrutura de realização

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Pedagogia de projetos empresariais parte 1:



                Até agora, estivemos estudando sobre uma proposta metodológica que enfatiza mais a prática (pedagogia de projetos) e as múltiplas inteligências, bem como a pedagogia enquanto instrumento para consolidar um modo de produção alternativo, a economia solidária, muito além do capital. O texto de hoje trata de descrever como fundamentar e executar um projeto no âmbito empresarial, emprestando o tal conceito para consolidar um método prático de mobilizar talentos através da prática pedagógica que estimula múltiplas inteligências, num dentro de um empreendimento de economia solidária associado à execução de projetos empresariais. Mesclo todas as terminologias. Urge romper paradigmas, utilizar as terminologias empresariais e a administração para organizar mais eficazmente o trabalho associado e emancipado. O texto de hoje está embasado no trabalho “apostilas de projetos ambientais” de Ricardo Hübner. O projeto possui tempo definido, finito e único, são planejados, executados e exigem determinado número de recursos. Pode envolver poucas ou muitas pessoas, uma ou várias organizações, estender-se por anos ou dias. 

Exemplos de projetos:
Desenvolvimento de um novo produto;
Construção de uma hidrelétrica;
Alteração de um processo;
Desenvolvimento de um treinamento;
Construção de um novo veículo;
etc....

 Numa próximo postagem, estaremos descrevendo a metodologia. 

sábado, 20 de dezembro de 2014

Capítulo 1 - parte 2: Mediocridade


                - Por que você não se sente pronta para mudar... Mudar de vida?
                - Tenho medo de sofrer...
                - Ora, crescer é sofrer... Crescer dói.
                - Eu bem sei. Ter consciência implica em pensar... Dor, amor, infelicidade e prazer são fantasmagorias, coisas abstratas, coisas inexistentes no concreto e, no entanto, perturbam a nossa alma. Sofro com o despotismo do meu pai, a monotonia do meu trabalho e o tédio proporcionado pela liberdade, produto das horas de ócio. Sofro da dor ancestral de possuir uma vida sem propósito, uma existência condenada a fazer nada de relevante.   
                A consulta ao psicólogo terminou em nada. Como num diálogo de surdos, a comunicação não surtia efeito. No dia seguinte, no emprego, aprendeu a manejar um sistema de emissão de documentos que reduzia o trabalho manual. A secretária é um apêndice do maquinismo. A evolução técnica conseguiu, em partes, libertar o homem do trabalho, mas, o tédio ainda persiste. Ao findar o expediente, Ângelo Sampaio, o chefe da repartição pública, comissionado, convidou Amanda para a festa de encerramento da empresa. Cada funcionário tinha o direito de levar um acompanhante. Durante o jantar, a moça estava conversando com o acompanhante dela, Laércio Botelho, um vizinho, ao mesmo tempo em que dava atenção a Ângelo. Ambos os homens possuíam características cujo antagonismo era irreconciliável. Talvez, seja por isso, que eles eram desejados por Amanda. Ângelo é a prova de que a escolarização sufoca aptidões naturais. Aluno relapso, sempre negligenciou a cultura erudita, sempre esteve às voltas com a turma “descolada”, popular, cheia de vitalidade e energia. Faltavam-lhe dotes intelectuais, sobrava-lhe atitude e esperteza. Fazia sucesso onde passava, notadamente, com as garotas, na época do colégio. Conseguiu a vaga de chefe devido a uma indicação de um amigo. Estava solteiro e logo tratou de seduzir a subordinada com olhares e linguagem corporal, enquanto contava piadas animadas para entretê-la. Bom humor é afrodisíaco. Laércio não logrou êxito em competir com Ângelo pelo coração de Amanda. Também, pudera, limitava-se a rir das piadas do concorrente e tentava, sem sucesso, fazer algumas brincadeiras engraçadas. O convidado da secretária é professor de filosofia, intelectual frustrado, ganha pouco, não consegue fazer a filosofia ser compreendida pelas massas incultas, tampouco divulgar seu livro a respeito de uma perspectiva filosófica da literatura. 
                

Capítulo 1 - parte 1: Mediocridade


                Amanda Souza estava numa desconfortável zona de conforto. Queixava-se da vida, mas, não buscava grandes conquistas. Recusava o chamado à aventura. Aluna mediana na época da faculdade de administração, agora, aos 25 anos de idade, é uma funcionária mediana de uma repartição pública. Os dias não reservaram quaisquer surpresas para a secretária. Seu pai, já idoso, preso a uma cadeira de rodas devido a um acidente, também, sempre foi um empecilho que a impedia de galgar degraus mais altos na vida:
- Filha minha não será artista. Será administradora de empresa e se dará muito bem na vida. – Repetia o velho rabugento.
                Infelizmente, a coisa não aconteceu conforme o esperado. Passado a época da faculdade, a jovem não encontrou emprego na área. Só restava bancar a empregada obediente, ouvir as reclamações dos chefes, atender telefonemas e preencher relatórios.
                Mesmo sendo moçoila muito bela, sua vida amorosa estava uma lástima, afinal, a baixa auto-estima atraia somente aproveitadores. Por fora, somente uma empregada que nunca reclamava, mas, por dentro, uma alma desgostosa com a vida. Como se estivesse presa num casulo, seu íntimo não possuía nenhum contato com o exterior. A vida privada dela, seus sentimentos, emoções, dores e rancores frutificavam, ampliando-se numa proporção assustadora e nunca que tais coisas eram comunicadas aos outros. Um pai tirano, um emprego monótono e uma vidinha rotineira tiraram o direito à palavra de Amanda. Sentia medo de mudar de ramo. Para remediar o desemprego crônico, os governos de todo o mundo diminuíram a jornada de trabalho para apenas 3 horas diárias, totalizando 15 horas semanais. Mesmo com muito tempo livre, Amanda não sabia o que inventar ou o que fazer. Não tinha amigos. O mundo inteiro caminhava em direção de uma rota suicida, porque a redução da jornada de trabalho condenou populações inteiras para uma existência tediosa.
- Quero ajuda! Preciso dar uma guinada na minha vida! Falou Amanda para um psicólogo, Augusto Fonseca, numa tarde de terça-feira chuvosa, dia 2 de dezembro.
- Está preparada para a mudança? – Indagou o profissional.
- Não sei... – Admitiu a secretária.

                

Acalentar a esperança:


Na série de postagens anteriores, vimos que importa construir outros modos de produção da vida, fugindo da possibilidade de institucionalizar a produção, porque, se for assim, a mesma irá escassear. Agora, falaremos de transformar o trabalho numa práxis. Noutros termos, descrevo como é possível desmercantilizar o processo econômico, a eliminação do lucro enquanto categoria central. Não significa uma desmonetarização ou o fim do mercado, mas, sim, implica numa nova forma de socialismo, a economia solidária e seu papel na educação. Empreendimentos autônomos em relação ao Estado e ao capital continuarão a atuar dentro de da ordem do mercado, porém, colocará a necessidade humana de usufruir da vida acima da voracidade do capital. A propriedade dos meios de produção é coletiva, dela participam todos que trabalham. Os próprios trabalhadores decidem dividir a receita entre investimentos, entre gastos de consumo dos trabalhadores e como esta última parte deve ser repartida entre os trabalhadores. Moacir Gadotti, autor do livro “economia solidária como práxis pedagógica”, descreve que a economia solidária é interconectar valores econômicos, práticas e instituições que existem em todo o mundo. Engloba o consumo responsável, trabalho, investimentos, cooperativas de trabalhadores, consumidores, produtores, credores, empreendimentos solidários, sindicatos progressistas, empreendimentos comunitários, microcrédito e cuidado com o trabalho não pago. Isso desemboca numa rede de solidariedade, com uma visão compartilhada, solidariedade com a troca de valores, solidariedade com os menos abastados. Estrutura-se uma economia que se alimenta através da inclusão, distribuição de renda radicalização da democracia política e o fortalecimento da democracia substantiva. A educação para a autogestão no empreendimento solidário não fica restrito ao setor administrativo, mas, atinge a totalidade dos cooperados, num amplo trabalho de equipe. O ideal é aprender na prática, através do exemplo, educar para a cooperação e autogestão. Difere do velho e surrado capitalismo de Estado, ou melhor, socialismo soviético, onde o Estado, dominando os meios de produção, oprima o povo. Abre-se a porta da percepção ao diferente, cria-se uma cultura de tolerância, de sensibilidade, solidariedade e alteridade. A formação deve estar articulada com a concretude da experiência sensível. As lições aprendidas na escola da vida pavimentam a construção de uma cultura das redes autogestionárias. A Declaração de Hamburgo (1997), resultante da V Conferência Internacional de Educação de Adultos (Confintea) da Unesco, indica um bom exemplo de como construir uma educação mais práxica. A sistematização do conhecimento deve abarcar questões transversais como o gênero, o meio ambiente, os direitos humanos, a questão étnica e racial, a formação para a paz e a sustentabilidade. Temas que refletem bem os males do nosso cotidiano. Politizar as massas, despertar o interesse delas por esses assuntos envolve a universalização da educação e do trabalho auto-emancipado, porque apenas quando as massas “sentirem”, passarem por uma experiência sensível, reconhecerem-se como sujeitos da história, aprender na práxis, é que irão interiorizar o conhecimento. A secretaria nacional de economia solidária, em outubro de 2005, realizou uma oficina nacional referente à formação em economia solidária, direito de todos os trabalhadores em empreendimentos solidários. Da ocasião, resultou o SENAES/MET, documento em que estão apresentadas princípios e diretrizes da formação que abarca a economia solidária, além dos conteúdos a serem estudados e procedimentos metodológicos. Há, como temática, a história e as perspectivas do trabalho emancipatório e sua constituição, o marco jurídico, a participação cidadã, as relações intersubjetivas, o processo de incubação e a autogestão. Gadotti, no livro já citado, falaria, também, no desenvolvimento sustentável e na sustentabilidade. A formação deve, também, abarcar uma integralidade, o saber prático do sujeito, indo além de simples “treinamento”. Ela implica em assimilar um conhecimento específico e um geral, no que diz respeito a entender, respectivamente, a cada empreendimento solidário em particular e dentro de um contexto mais amplo, numa perspectiva de cooperação comunitária. Forma-se em locais de trabalho para atender às necessidades das redes e cadeias produtivas. Deve-se articular a formação com contextualização, emancipação e engajamento, respeitando a diversidade de gênero, etnia, raça e geração e promoção dos direitos humanos. As metodologias devem promover o diálogo com a realidade e a linguagens dos grupos produtivos, indo de encontro com as necessidades das pessoas e dos grupos.


Gadotti, Moacir. Economia solidária como práxis pedagógica. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Viva e deixe viver parte 7:

Lembro-me perfeitamente bem dos meus tempos de meninice... Alunos mais capazes costumavam lançar larachas sobre mim por conta de péssimas notas minhas. Avaliar quantitativamente um aluno é anacronismo, um crime contra o intelecto. Proponho novas formas de atribuir conceitos aos alunos, afinal, temos mesmo que estimular as ricas individualidades e singularidades dos nossos discentes. Fichas de observação são menos punitivas do que a prova convencional. Assim, verifica-se a evolução do alunado através de doses homeopáticas de observações nas diferentes etapas do projeto, segundo critérios como reforçamento de laços interpessoais, florescimento de múltiplas inteligências, conteúdo abordado em quantidade e qualidade. O foco da avaliação deve ser o engajamento de cada aluno no que se refere às etapas dos projetos, ou melhor, o envolvimento e colaboração em cada uma das atividades feitas pela equipe. O processofólio, uma coletânea contendo material de coleta, pesquisa, entrevista e investigação, resultando em evidências de aprendizagem. A análise das hipóteses levantadas pelo aluno na execução do aluno, também, indicam a qualidade do projeto. Essas hipóteses podem ser melhor formuladas quando se completa as seguintes sentenças:

a)Acredito que este projeto...
b)Meu planejamento...
c)Meu grupo acha que nossa pesquisa...
d)No começo do Projeto eu achava que...
e)No meio do Projeto eu já consegui...
f)Meu próximo Projeto será sobre...
g)Não gostei...
h)Em minha pesquisa descobri que...
i)O que mais gostei neste projeto...
j)Meu grupo...

Esse procedimento de formular hipóteses é caracterizado pela simplicidade. Não é preciso escrever longas redações a partir dessas frases, somente, a descrição básica da evolução dos conceitos e hipóteses, desde o início, até o fim, passando pelo meio e desenvolvimento, até desembocar em novos focos de interesse. E assim, a aprendizagem pode ser usufruída por toda uma vida, graças a uma escola que desenvolve o gosto por aprender e instituições educativas que possibilitam a livre fruição do conhecimento. Um ambiente inteligente fará pessoas assimilarem cada vez mais conteúdos. Não só a escola deve ser melhorada, mas, também, as instituições educativas, as teias de oportunidades citadas na postagem “Viva e deixe viver - parte 2”. As tecnologias educacionais, o computador e a informática possibilitam isso. A arquitetura virtual utilizada na execução de pedagogia de projetos permite o acesso à internet, e-mail (troca de informações sobre a vegetação das cidades onde estão localizadas escolas é uma ótima pedida de projeto, por exemplo,), grupos de discussão, chat e outros mecanismos virtuais essenciais a construção do conhecimento.



Nogueira, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências, 6 ed. São Paulo; Érica, 2001.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Onírico

Vou dar um tempo nas postagens da série "viva e deixe viver" para escrever capítulos de um livro no qual tenho interesse em produzir:

Prefácio:


            E se estudássemos e trabalhássemos menos, em condições mais humanas, o que faríamos nos nossos tempos livres? O “negócio” antagoniza e nega o “ócio”, submete o indivíduo ao imperativo da acumulação, ao trabalho feito em troca do assalariamento e à produção compulsória. O capital deu um caráter cosmopolita para a produção industrial, uniu o globo todo, tirou o caráter nacional da fábrica e humanizou o mundo, outrora, selvagem e dominado pelas forças cegas do meio natural. Ao menos, é isso que dizem os apologistas do capital. Mas, então, o que é humanizar o mundo? Há espaço para a criatividade, a força imaginativa, a sensibilidade, o afeto e a emoção num mundo construído pela fria racionalidade da ciência, da lógica e dos ditames categóricos do progresso do capitalismo enquanto fim último do todo? Nega-se a experiência sensível, a cultura local e ricas individualidades são sufocadas pela escolarização. A sabedoria popular e o senso comum, ambos, formas de se orientar no mundo e conhecer a verdade, ao menos, superficialmente, são, de forma sistemática, ignoradas pelo conhecimento do erudito. Amanda Souza, 25 anos, secretária de uma repartição pública, insatisfeita com o emprego, não sabendo se relacionar com os rapazes, precisará encontrar, na terra do inconsistente, nos sonhos e no âmago da sua mente, a solução para a pergunta “que faremos no nosso tempo livre”? Ao invés de nos entregarmos ao caos, à balbúrdia e à delinqüência, temos que buscar maneiras de criarmos artes, ciências, expressarmos e refletirmos, enfim, humanizar verdadeiramente nosso planeta. E isso apenas pode ser encontrado fora da matéria e dentro de um acolhedor pesadelo, onde não há mais regras e a lógica não exerce qualquer influência. Porque somente nesse cenário alternativo, onde tudo é possível e a realidade é uma fantasia, podemos nos encontrar como somos de verdade, encararmos nossos desejos e nossos traumas. Vamos lá?      

Viva e deixe viver parte 6:


O foco dessa postagem será a de uma análise jurídica referente ao exemplo de projeto de educação ambiental de preservação do mangue mostrado na postagem anterior. A lei nº 9.795 de 27 de abril de 1999 oferece importante subsídio jurídico nesse caso. No primeiro artigo, define-se a educação ambiental como um processo por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos e competências para a construção de uma sociedade sustentável em todos os aspectos. Em seguida, a educação ambiental é apresentada como essencial à educação nacional, devendo estar articulada em todas as modalidades do processo pedagógico, em caráter formal e não-formal. No entanto, o que mais interessa é o princípio básico da educação ambiental referente a considerar o meio ambiente como uma totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural, sob o enfoque da sustentabilidade, bem como o enfoque humanista, holísitco, democrático, participativo e a perspectiva da inter, multi e transdisciplinaridade. Tendo essas característicacas, obrigatoriamente, conforme descreve o § 1o do artigo 10, a educação ambiental será desenvolvida como prática integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal, sendo que ela não deve ser implantada como disciplina específica no currículo de ensino. Consciente desses fatos, proponho-me a tecer alguns comentários sobre a postagem referente ao projeto dos manguezais. Para incrementar a pesquisa, sugiro que esse ecossistema tivesse sido, durante o período de trabalho, objeto de estudo de conteúdo referente a uma breve introdução à química e física (composição dos poluentes), forças das águas agindo sobre a embarcação de pescadores quando se navega (cálculo matemático envolvendo o resultante das forças agindo num corpo), o trabalho assalariado regido por mecanismos capitalistas responsável por degradar o meio ecológico (sociologia), o papel do Estado em gerir a coisa pública e os bens naturais (filosofia), a dinamização da economia num contexto de globalização e os reflexos disso na cultura local e nos sistemas naturais (geografia e história). Tudo para conciliar o saber prático dos projetos, a interdisciplinaridade, a integralidade da ciência e as múltiplas inteligências.


BRASIL. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasil, DF, 27 abr. 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L9795.htm>. Acesso em: 4 dez 2014

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Viva e deixe viver parte 5:



No livro “Pedagogia dos projetos – uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das Múltiplas Inteligências” foi mostrado, como exemplo, um projeto que começou com alunos da sétima série, tendo a duração de nove meses e, acabando na oitava série. Tal projeto, desenvolvido em 1991 pela Escola Recanto, consistia na pesquisa referente aos efeitos da poluição sobre os manguezais localizados numa das margens do rio Capinaribe de Recife. O projeto foi planificado nas seguintes etapas:

a)Objetivo: definição da importância dos manguezais, a qualificação dos impactos ecológicos e socioeconômicos. Noutros termos, significa refletir a realidade do litoral de Pernambuco.

b)Pesquisa: Todos os dados foram obtidos através de bibliografias, pesquisas de campo e entrevistas com a comunidade de pescadores e especialistas da área.

c)Como e onde foram obtidos os dados bibliográficos: A fundamentação teórica foi conseguida com o Departamento de Engenharia de Pesca, Biologia e Zoologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFRPE); Biologia e Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); Companhia Pernambucana do Controle da Poluição Ambiental e Administração de Recursos Hídricos (CPRH); Fundação de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Recife (FIDEM).

d)Dados coletados em campo: Os dados foram coletados nos estuários de Maracaípe, num período de 3 dias, Suape, em um dia, Canal de Santa Cruz, em 3 dias, Jaguaribe, em 1 dia, além dos estuários dos Rios Capibaribe e Beberibe. Para facilitar o acesso aos locais desejados, utilizou-se durante a preamar, um barco de fibras de vidro e motor (25 HP) e durante a baixa-mar, canos e catrais, com auxílio dos pescadores.

e)Ocorreu algum tipo de coleta de material: A coleta incluiu a fauna (peixes, crustáceos e moluscos), de importância econômica e a flora (galhos, raízes, folhas, sementes e mudas das quatro espécies de mangue que ocorrem nestes estuários). Foram, também, selecionados 56 de 170 chapas fotográficas batidas para adequar as fotografias ao texto.

f)Conclusões: A vida vegetal do mangue que caracteriza os estuários tropicais e subtropicais produz matéria orgânica que abastece as ricas águas dos estuários. A destruição da cobertura vegetal desse ecossistema implica na destruição da fauna e da flora estuarina, o que provoca a diminuição da produtividade primária desse ecossistema e um desequilíbrio ecológico, podendo levar à morte toda a fauna estuarina.

g)Acontecimentos pós-projetos: Desenvolver um programa de conscientização com escolas e comunidades de pescadores sobre os malefícios causados pela degradação do mangue.

Os relatos foram sendo aprimorados gradativamente, o que propicia o florescer da área linguística. A área da lógico-matemática foi estimulada quando foram encadeadas sequências de textos, fotos, mapas, desenhos e dados. A utilização de mapas em que se posicionava a região de cada um dos estuários mencionados foi o modo como a inteligência espacial foi utilizada. O desenho feito com o intuito de representar a poluição coube ao desenvolvimento da área pictórica.
As inteligências inter e intra foram desenvolvidas através das conversas feitas com pesquisadores, pescadores e demais especialistas no levantamento de dados. E por fim, a reflexão da importância de se preservar motivou o florescimento da inteligência naturalista.


Nogueira, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências, 6 ed. São Paulo; Érica, 2001.

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Viva e deixe viver parte 4:

Tendo vista que outras formas de produção que fogem da racionalidade econômica devem ser fomentadas (por exemplo, a doméstica) para que os limites dos ecossistemas não sejam ultrapassados e as instituições que priorizam a livre troca de conhecimento sem que o mesmo esteja deformado por uma grade curricular ou seja meta de algum programa escolar, pergunto: como conciliar os dois elementos citados anteriormente com a produção industrial convencional e a escola? Uma parte do dia temos que nos dedicar a estudar e trabalhar formalmente, sendo que a outra proporção do tempo será reservada para atividades que priorizam a produção autônoma, tanto de serviços, quanto de produtos e conhecimentos. Qual é o método escolar de modo fazer o estudante utilizar o que aprendeu na escola, num outro período, fora das salas de aula, por meio de espaços educativos informais? Deve-se estimular a inteligência prática, a resolução de problemas reais e a criação de valores úteis à sociedade. Por isso é tão importante que haja a pluralidade de modos de produção paralelos. São muitas as competências que podem ser valorizadas dessa maneira. Há a inteligência lógico-matemática, linguística, espacial, corporal-cinestésica, musical, interpessoal, intrapessoal, naturalista, existencial, pictórica e emocional. A existência de tantas formas de inteligência nos permitem entender o porquê temos que realizar uma multiplicidade de atividades, como ler um livro, escrever um, conversar com um amigo, jogar xadrez, pintar um desenho, resolver uma equação ou outras tantas tarefas (que podem ser escolhidas livremente pelo sujeito) e que não são passíveis de atribuir um salário. A sociedade do consumo passará a ser a sociedade da ação e do lazer. O método passível de conjugar diferentes inteligências que propiciam a usufruto de uma atividade prazerosa é a pedagogia de projetos. Por projetos se entende uma irrealidade, uma referência ao futuro, algo passível de acontecer. Sonha-se, em primeiro lugar, para depois, traçar as metas do projeto, conciliando os objetivos do professor com os interesses do aluno.
Logo após, vem o planejamento que abarca as seguintes perguntas:

1)O quê – Sobre o que falaremos/pesquisaremos
2) Por quê – Por que estaremos tratando deste tema? Quais os objetivos?
3)Como – Como realizaremos o projeto? Como operacionalizaremos? Como poderemos dividir as atividades entre os membros do grupo?
4)Quando - Quando realizaremos as etapas planejadas?
5)Quem – Quem realizará cada uma das atividades? Quem se responsabilizará pelo que?
6)Recursos – Quais serão os recursos – materiais e humanos – necessários para a perfeita realização do Projeto?

Colocar tudo em prática significa romper com a passividade do aluno. Feito o projeto, deve-se depurá-lo. O aluno deve fazer autocrítica necessária a isso. Posteriormente, é feito apresentação e exposição do projeto. Partes da pesquisa, dados, bibliografias, relatórios, hipóteses testadas, acertos e erros cometidos serão adicionados a um processofólio. Na próxima postagem, apresentarei um exemplo de projeto já feitos, sua importância para a educação ambiental. logo após, numa outra postagem, apresentarei, conceitualmente, um exemplo de projeto meu ainda não testado.


Nogueira, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos: uma jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das múltiplas inteligências, 6 ed. São Paulo; Érica, 2001.