-
Sonhasse com o quê? – Questionou o psicólogo Henrique Polito.
-
Sonhei que um amigo meu, Laércio, eu e meu pai estávamos conversando. A
liberdade foi solicitada. Pedimos que ele aceitasse o fato de eu querer
abandonar a administração e autorizasse o meu mergulho no mundo literário.
- E
então...?
-
Nada feito.
-
Impossível. No processo de hipnose, comuniquei, ao seu inconsciente, uma
sugestão subliminar para reforçar a auto-estima. A conseqüência disso é que,
naturalmente, o seu pai, no sonho, autorizasse você a correr atrás dos
objetivos seus. Daí, uma vez que a situação traumática foi enfrentada, você
poderia solicitar, de fato, permissão ao seu pai, no mundo real e viver a vida
que você desejou sempre.
- A
sugestão hipnótica não foi forte o suficiente. Não entendo. Será que não sou
sugestionável o suficiente?
- Amanda,
veja uma coisa: A mente pode se curar. O que eu tentei fazer, através da
terapia do sonho, é fazer com que a verdade seja buscada no âmago do interior
seu. A questão não é ser mais ou menos sugestionável, mas, sim, dar novos
significados a velhos valores, ver a vida como um processo em construção.
Noutras palavras, sempre haverá pessoas que impedem o nosso crescimento.
Podemos encontrá-las ao atravessar a esquina. O ideal é acalentar a esperança
num amanhã melhor, ao invés de nutrir expectativas. Sabe a diferença entre
expectativa e esperança?
-
Não.
- Expectativa
é esperar um resultado “pré-fabricado”. Segue uma lógica linear. Veja, por
exemplo, a produção de diplomados por via escolar. Espera-se que um bom emprego
seja ganho quando o estudante estiver alcançado o título de graduado. Isso é
expectativa. Ora, ninguém está livre das vicissitudes da vida. O espírito
humano não consegue eliminar o contingente, o acaso, aquilo que foge da alçada
das mãos humanas. Ter esperança é, ao contrário, acreditar que, ficaremos bem
independentemente do resultado, da possibilidade, das incontáveis variáveis, do
futuro enquanto incógnita e apesar do fortuito. Ser otimista é crer no resultado.
Ser entusiasta é acreditar no processo, fazer independentemente do que virá.
Porque a porta fechada de hoje pode ser a janela aberta de amanhã.
-
Então... – concluiu Amanda – Preciso ter mais esperança e menos expectativas.
Contentar-me com um resultado modesto de hoje, para suportar o fracasso de
amanhã e continuar a tentar até conseguir.
-
Sim. Bem, fico feliz por você ter compreendido isso. Vejo que, apesar de não
termos logrado êxito no sonho, você entendeu a filosofia por trás da terapia.
Vamos nos encontrar numa próxima consulta.
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