sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Menos trabalho e mais diversão parte 2:

 Estivemos falando sobre a necessidade de reduzir a jornada de trabalho. Já é hora de subtrair a vida da racionalidade produtivista, fazer o que nos proporciona prazer e felicidade. Oficinas de conserto, conversas, criação de crianças, jogos eróticos, bibliotecas, experiências estéticas, salas de música, espaços de circulação e festas são bons exemplos de atividades que valem por si só. Se a produção heterônoma fornecerá roupas e calçados em série, as peças de roupas adequadas ao gosto de cada um serão produzidas em pequena escala, nas comunas, através de instrumentos convivais. Infecções e doenças não tão graves podem ser tratadas em casa, enquanto moléstias mais graves exigem cuidado especializado. Isso, também, implica em uma progressiva descentralização da produção, ou melhor, produzir através de unidades médias ou melhores, anulando a tendência ao gigantismo industrial. O Estado, enquanto aparelho jurídico, tem a missão de prestar serviços públicos para cada um, organizando leis a respeito do mercado de trabalho (esfera de heteronomia). A produção heterônoma conduzida por imperativos materiais exteriores (necessidades de produzir) permitirá a edificação do reino da autonomia. Significa que o aparelho jurídico determinará a quantidade de horas trabalhadas, o início, o fim da jornada, os dias de descanso, os serviços públicos essenciais para a organização do trabalho (código de trânsito, moeda, construção de estradas, escolas, infraestrutura e atendimento médico). Um Estado que, ao invés de dominar, ordena a produção do necessário é condição para a ampliação da esfera da autonomia, o trabalho feito por instrumentos convivais, a produção do excedente. O que pode proporcionar a redução da esfera da heteronomia é a renda social assegurada a cada um ao logo de toda a vida em troca de vinte mil horas de trabalho socialmente útil.


Gorz, Andre. Adeus ao proletariado: para além do socialismo. Rio de Janeiro: Forense Universitaria, 1982.

Um comentário:

  1. Olá Felipe,

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