domingo, 4 de janeiro de 2015

Tempo livre para viver parte 2:


Nos últimos tempos, estivemos analisando as propostas de redução de tempo de trabalho. A autora consultada, Carleial, descreve os seguintes argumentos contra a proposta de redução da jornada de trabalho descrita por Gorz:
a)A redução da jornada de trabalho é questionável na medida em que na Europa – onde a redução da jornada é mais efetiva – ocorre a substituição de um modelo coletivo por outro modelo desagregado por ramo, setor ou empresa.
b)Há pouca evidência de que a redução da jornada de trabalho ocorra sem redução de salário.
c)É pouco provável que a flexibilidade atual e crescente mercado de trabalho seja compatível com a redução da jornada de trabalho.
d)Gorz subestima a importância do movimento sindical ao considerar que os trabalhadores acabariam sendo cúmplices dos seus patrões ao lutarem por pleno emprego.

Em resumo, Gorz peca por não atacar os limites impostos pelo capitalismo à emancipação humana. Na compreensão dele, a automatização possibilita ir para além do capital e, sendo assim, essa forma de gestão social tem que dissociar o direito à uma renda da ocupação de um emprego. Imagina-se que os trabalhadores questionarão o depotismo no local de trabalho a partir da redução da jornada do mesmo. Noutro lado da questão, Kurz afirma que mesmo com a redução da jornada, o trabalho continuará a causar um estranhamento ao produtor. Aznar comenta que a revolução está assentada no tripé redução do tempo de trabalho, repartir os empregos e trabalhar em tempo escolhido. Mas.. Será mesmo que os sindicatos e os patrões deixarão as diferenças de lado e se unirão para libertar a humanidade do trabalho estranho? Mészáros, por sua vez, descreve que a evolução tecnológica é conduzida pelos imperativos do capital e, desse modo, é difícil acreditar que possa ser conciliado salários bons com a redução da jornada de trabalho. Os disseres de Schaff apontam para uma possível substituição do modelo clássico de propriedade privada por uma forma de sociedade coletivista para haja redistribuição de renda nacional. Já De Masi comenta que a educação deve preparar usufruir do tempo livre, valorizar mais o “ser” do que o “ter”. Já para Mandel, a robótica, numa economia socializada, possibilitaria uma jornada de trabalho de 10 horas semanais.
Recapitulando tudo, diminuir o tempo de trabalho pode ser uma alternativa para o desemprego, mas, enquanto não acabar com o universo totalizante do capital, o trabalho, embora reduzido, continuará estranho. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário