Falaremos, agora, sobre as condições que propiciam a
auto-realização. Ser capaz de aprender a falar inglês é uma condição para saber
como falar inglês e isso, por sua vez, é uma condição para falar inglês. O
efetivo exercício da ação de falar inglês consiste na auto-realização. Apreciar
um vinho ou escrever uma poesia são atividades que implicam em consumo.
Tornar-se provador de vinhos ou realizar correções de poesias são veículos para
a auto-realização. Nisso consiste a auto-externalização. Enquanto os prazeres do consumo têm de se
desgastar com o tempo, os atrativos da auto-realização aumentam com o tempo à
medida que o custo inicial declina e a recompensa pelo sucesso aumenta. A busca por auto-atividade, por ser
desafiadora, pode ser penosa, ao menos, no início. Escrever um artigo pode ser
difícil, mas, com o tempo, torna-se recompensador. Por isso, para uma criança,
aprender a tocar piano pode ser desinteressante. Posterga-se, a partir daí, a
recompensa advinda de atividades criativas. Tudo é um questão de educar a
sensibilidade. No entanto, ainda assim, a atividade oferece maior satisfação do
que o mero consumo das coisas. A ação de alguém, a externalização do “eu”
interior da pessoa precisar passar por critérios avaliativos para reforçar a
estima do sujeito. Tomemos um
exemplo: um trabalho desinteressante pode ser uma forma de auto-externalização
que desperta estima e, portanto, auto-estima. Agora,
o trabalho pode significar uma atividade penosa, porém, gratificante, um
veículo para a auto-realização. Trabalho é toda atividade cujo objetivo é criar
valores de uso ou bens intermediários para a produção de valores de uso.
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