Num artigo chamado “auto-realização no trabalho e na política: a
concepção marxista de boa vida”, escrito por Jon Elster, é descrito sobre como
a sociedade pode possibilitar o indivíduo a realizar atividades gratificantes,
ao invés de estimulá-lo a consumir. O marxismo possibilita compreender um
conceito de auto-realização que difere do que prega o credo liberal. As
atividades que propiciam a auto-realização são feitas com o objetivo de
conseguir algo. A satisfação segue-se ao sucesso. O trabalho desinteressante
produz um valor, mas, é inerentemente insatisfatório. Atividades satisfatórias
têm as seguintes características: têm um objetivo externo a elas e podem ser
desempenhadas mais ou menos bem – ou seja, o objetivo pode ser alcançado em
maior ou menor grau de dificuldade. Necessita ter a complexidade adequada, nem
que cause tédio e nem que cause frustração. O desafio precisa ser enfrentado. A
auto-realização pode não ser o objetivo maior da atividade, afinal, o que é
verdadeiramente estimulante é o desafio de fazer bem feito.
A tradição marxista ensina que a auto-realização é a
externalização das capacidades do indivíduo. O desenvolvimento de habilidades
gerais que podem ser aplicadas a diferentes meios podem proporcionar contentamento
e é o ideal para a nossa sociedade em constante transformação. Muitas
possibilidades de usufruto de uma atividade gratificante podem ser aproveitadas
pelo indivíduo, num regime de liberdade total. Cria-se variedade de
oportunidades de auto-realização para ajustar os desejos às oportunidades. Essas
atividades não devem necessitar de muitos recursos materiais e serem criadoras
dos mesmos. A auto-realização é decomposta em auto-atualização e
auto-externalização. A auto-atualização consiste em desenvolver e executar uma
ação.
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