sábado, 31 de janeiro de 2015

A vaca:

O presente texto traz uma reflexão sobre as sucessivas reformas pontuais da previdência social nesses últimos 20 anos, conforme os apontamentos do blog Boitempo. A sucessão de emendas constitucionais ou atos infracionais trouxeram prejuízos para a classe trabalhadora, ainda mais agora, na época atual, com as medidas tomadas pelo Governo Dilma Rousseff.
O trabalhador, com medo de que não haverá benefícios previdenciários futuros, defende a redução dos direitos dos trabalhadores inativos. Não é notado que o trabalhador inativo foi alguém que esteve sujeito à contribuição e não ganha, em geral, pouco mais do que um salário-mínimo, o que ocorrerá com o futuro trabalhador inativo, aquele que defende reformas para que se tenha dinheiro no futuro. A previdência do setor privado corresponde a um déficit de cerca de mais de 20 bilhões de Reais no primeiro semestre de 2014, segundo os arautos da catástrofe. Assim, de acordo com Marx, a gestão do bem comum feita pelo Estado foi tomada pela racionalidade do capital. Significa que o Estado legitima a troca da satisfação das necessidades humanas (valor de uso) pelo atendimento aos desígnios mercadológicos (valor de troca). Chega-se a circulação complexa, o Dinheiro-Mercadoria-Dinheiro (D-M-D') acrescido de algum valor. Para tanto, apropria-se do trabalho alheio, gera-se valor que se acrescenta dinheiro obtido pela venda de mercadoria (D'). Valor de troca é o trabalho excedente, aquele que acrescenta valor ao dinheiro e é oriundo do trabalho produtor de valor de uso, aquele trabalho que atende exclusivamente às necessidades vitais rudimentares do trabalhador. A grande limitação da política pública é ser tratada como valor de troca. Dito de outro modo, o trabalhador tem tido os valores vertidos para um sistema inserido num contexto de cumprimento de metas fiscais e geração de valores para atender ao superávit primário, viabiliza instrumentos para suposta geração de empregos (precarizados, nas poucas oportunidades em que isto se dá) por meio de desonerações previdenciárias ao capital. Isto tudo culmina com a última reforma promovida, no final de 2014, pelo governo Dilma, que desfere o golpe mais violento à proteção social previdenciária. Desconstroem-se direitos sociais pela via estatal, provoca-se a cisão da classe trabalhadora graças ao Estado. A previdência social passa a ser peça chave para o cumprimento de metas referentes ao superávit primário, ajuste fiscal e controle da inflação. Numa certa perspectiva, é necessário consolidar direitos sociais, mas, olhando em conjunto, tais direitos representam mais dos fatores de intensificação de mais-valia do capital perpetrado pela atuação do estado.



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