No livro “A Reinvenção social do
Natural”, escrito por Luciano Florit, fala-se da crítica da exclusão da
natureza do paradigma sociológico clássico. Na atual conjuntura da crise
ambiental, a sociologia notou que o conceito de meio ambiente é socialmente
construído, porque não há uma distinção clara do que é natureza e cultura.
Durante boa parte do livro, é tratado de mostrar como acontece a evolução
cultural do conceito de meio ambiente, desde a Grécia Antiga, passando pela
Idade Média, Modernidade e Pós-modernidade. O natural, visto como um
macrocosmo, tornou-se criação divina e depois, um mecanismo regido por leis
físicas passíveis de serem descritas matematicamente e, agora, graças à
constante intrusão consciente humana, passa-se para um paradigma pós-moderno,
caracterizado pela multiplicação de riscos inerentes à proliferação de
inovações técnicas. Na última parte do livro, faz-se uma
crítica aos efeitos da agricultura tradicional. A agricultura alternativa se divide em
orgânica, biodinâmica, biológica e natural. A agricultura orgânica trata da
experiência tradicional, foca mais a biologia e a história natural ao invés do
uso de substâncias químicas sintéticas. Objetiva produzir alimentos ao proteger
a biodiversidade, utilizando microorganismos para promover a fertilidade do
solo. A agricultura biológica
segue a mesma linha, mas, também, dá ênfase na mudança de estilo de vida, num
ambientalismo político. Outra vertente, a agricultura
biodinâmica segue doutrinas metafísicas, crê que a vida é regida pelos astros e
forças cosmológicas. O resultado é o foco no crescimento espiritual através do
cultivo da cultura agrícola. A
última vertente, a agricultura natural, trata do taoísmo, budismo e da
agricultura tradicional, onde o cultivo é regido pelas premissas de não
contaminar, não interferir e não fazer mal ao natural. Coloca-se, como exemplo
de práticas agrícolas alternativas, o caso do Rio Grande do Sul e a Argentina.
Enquanto o primeiro caso se notabiliza por uma crítica ao modelo de
desenvolvimento, o que desemboca um projeto político, o segundo exporta a maior
parte de sua produção para a Europa, restringindo-se aos ditames do mercado
internacional e à produção mais “limpa”, sem propor mudanças estruturantes. Essas
duas concepções de natureza em meio às mais diversas são, na verdade, amostras
de um arcabouço teórico e filosófico que consubstancia toda uma prática
agrícola e, posteriormente, as transações comerciais, economia e cultura. Urge
repensarmos o que se entende por natural e propor projetos societários de
mudança estrutural para o bem do planeta Terra nosso.
Muito boom!!!
ResponderExcluirEscreve muito bem...
escrevmuito inteligente vc
ResponderExcluirparabéns
http://www.modanamao.com.br/
abç