quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Síntese do livro “A reinvenção social do natural”





                No livro “A Reinvenção social do Natural”, escrito por Luciano Florit, fala-se da crítica da exclusão da natureza do paradigma sociológico clássico. Na atual conjuntura da crise ambiental, a sociologia notou que o conceito de meio ambiente é socialmente construído, porque não há uma distinção clara do que é natureza e cultura. Durante boa parte do livro, é tratado de mostrar como acontece a evolução cultural do conceito de meio ambiente, desde a Grécia Antiga, passando pela Idade Média, Modernidade e Pós-modernidade. O natural, visto como um macrocosmo, tornou-se criação divina e depois, um mecanismo regido por leis físicas passíveis de serem descritas matematicamente e, agora, graças à constante intrusão consciente humana, passa-se para um paradigma pós-moderno, caracterizado pela multiplicação de riscos inerentes à proliferação de inovações técnicas. Na última parte do livro, faz-se uma crítica aos efeitos da agricultura tradicional. A agricultura alternativa se divide em orgânica, biodinâmica, biológica e natural. A agricultura orgânica trata da experiência tradicional, foca mais a biologia e a história natural ao invés do uso de substâncias químicas sintéticas. Objetiva produzir alimentos ao proteger a biodiversidade, utilizando microorganismos para promover a fertilidade do solo. A agricultura biológica segue a mesma linha, mas, também, dá ênfase na mudança de estilo de vida, num ambientalismo político. Outra vertente, a agricultura biodinâmica segue doutrinas metafísicas, crê que a vida é regida pelos astros e forças cosmológicas. O resultado é o foco no crescimento espiritual através do cultivo da cultura agrícola. A última vertente, a agricultura natural, trata do taoísmo, budismo e da agricultura tradicional, onde o cultivo é regido pelas premissas de não contaminar, não interferir e não fazer mal ao natural. Coloca-se, como exemplo de práticas agrícolas alternativas, o caso do Rio Grande do Sul e a Argentina. Enquanto o primeiro caso se notabiliza por uma crítica ao modelo de desenvolvimento, o que desemboca um projeto político, o segundo exporta a maior parte de sua produção para a Europa, restringindo-se aos ditames do mercado internacional e à produção mais “limpa”, sem propor mudanças estruturantes. Essas duas concepções de natureza em meio às mais diversas são, na verdade, amostras de um arcabouço teórico e filosófico que consubstancia toda uma prática agrícola e, posteriormente, as transações comerciais, economia e cultura. Urge repensarmos o que se entende por natural e propor projetos societários de mudança estrutural para o bem do planeta Terra nosso.  

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