Amanda, na
última tentativa de se libertar dos traumas, numa consulta ao psicólogo, foi
submetida, mais uma vez, à hipnose e adormeceu.
- Quem é você? – Perguntou a moçoila para um rapaz no sonho.
O cenário
do sonho é uma sala de aula vazia. Somente havia o garoto e Amanda, e os dois
estavam trajando uniforme escolar.
- Meu nome é Felipe Gruetzmacher e eu criei você.
- Como assim? – Questionou a garota.
-Você, Amanda, é um produto da imaginação minha. É um
personagem, a protagonista do livro “Onírico” postado em meu blog “Futuro e
Realidade”. Quando a linguagem explica a si mesma, torna-se metalinguagem. Um
personagem dentro de um livro que explica a trama de outro livro exemplifica a
metalinguagem. A linguagem explica a si mesma, admira-se numa imagem refletida
num espelho. Todo o nosso diálogo se passa na minha mente e na do leitor que
saboreia o texto.
- Sonho em ser escritora e largar a administração de empresas.
Se você, Felipe, é o meu criador e escritor, aquele que metamorfoseou ideia em
palavra, deve saber me dar uma dica de como ficar famosa com literatura.
- A literatura de boa qualidade e que sensibiliza o leitor é
aquela que nos faz refletir sobre as condições da nossa existência. Fomenta a
perplexidade, induz à reflexão. O livro para nada serve e, ao mesmo tempo, para
tudo serve.
- Se é assim, você me criou para manifestar seus sentimentos e
idéias em relação a alguma coisa. Pergunto: Como você se sente? Tem namorada? É
feliz? A análise acerca da sua alma pode responder as questões levantadas por
esses capítulos, afinal, tudo diz respeito ao o que se passa no âmago do
espírito seu.
- Vejo que você compreende bem. Laércio é representação minha, uma
espécie de personificação de um segundo “eu” transposto nas letras. Nunca
entendi como funciona o flerte ou o jogo da sedução. Sempre fui demasiadamente
correto, tentava bajular as moças com a minha solicitude, boa educação, cultura
e cavalheirismo. Até que fui apelidado de “nerd”, uma espécie de caxias,
sujeito inepto na arte do amor, excessivamente introvertido. Sem lograr êxito
no entrosamento com o restante das pessoas, jamais fui da turma popular,
extrovertida e “descolada”. Sou o chato politicamente correto. Fui alvo de
cruéis chacotas. Minhas notas razoáveis eram o pretexto perfeito para que os
malandrinhos tecessem críticas ao meu estilo de vida.
- Sinto muito por você... Até me lembro de uma citação do Rui
Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas
mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a
ter vergonha de ser honesto.”
- Aprecio muito essa citação
do saudoso autor. No entanto, sei que rancor corrói a alma. Não vale a pena
ficar com o coração dolorido por traquinagem de adolescente. Passou. Passou e
não volta mais. No passado, conheci jovem formosa chamada Lúcia. Encantei-me
com a formosura da moça em questão. Aconteceu algo de inesperado, então.
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