terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Capítulo 5 – parte 1: Pícaro


                Amanda, na última tentativa de se libertar dos traumas, numa consulta ao psicólogo, foi submetida, mais uma vez, à hipnose e adormeceu.

- Quem é você? – Perguntou a moçoila para um rapaz no sonho.
                O cenário do sonho é uma sala de aula vazia. Somente havia o garoto e Amanda, e os dois estavam trajando uniforme escolar.

- Meu nome é Felipe Gruetzmacher e eu criei você.

- Como assim? – Questionou a garota.

-Você, Amanda, é um produto da imaginação minha. É um personagem, a protagonista do livro “Onírico” postado em meu blog “Futuro e Realidade”. Quando a linguagem explica a si mesma, torna-se metalinguagem. Um personagem dentro de um livro que explica a trama de outro livro exemplifica a metalinguagem. A linguagem explica a si mesma, admira-se numa imagem refletida num espelho. Todo o nosso diálogo se passa na minha mente e na do leitor que saboreia o texto.

- Sonho em ser escritora e largar a administração de empresas. Se você, Felipe, é o meu criador e escritor, aquele que metamorfoseou ideia em palavra, deve saber me dar uma dica de como ficar famosa com literatura.

- A literatura de boa qualidade e que sensibiliza o leitor é aquela que nos faz refletir sobre as condições da nossa existência. Fomenta a perplexidade, induz à reflexão. O livro para nada serve e, ao mesmo tempo, para tudo serve.

- Se é assim, você me criou para manifestar seus sentimentos e idéias em relação a alguma coisa. Pergunto: Como você se sente? Tem namorada? É feliz? A análise acerca da sua alma pode responder as questões levantadas por esses capítulos, afinal, tudo diz respeito ao o que se passa no âmago do espírito seu.

- Vejo que você compreende bem. Laércio é representação minha, uma espécie de personificação de um segundo “eu” transposto nas letras. Nunca entendi como funciona o flerte ou o jogo da sedução. Sempre fui demasiadamente correto, tentava bajular as moças com a minha solicitude, boa educação, cultura e cavalheirismo. Até que fui apelidado de “nerd”, uma espécie de caxias, sujeito inepto na arte do amor, excessivamente introvertido. Sem lograr êxito no entrosamento com o restante das pessoas, jamais fui da turma popular, extrovertida e “descolada”. Sou o chato politicamente correto. Fui alvo de cruéis chacotas. Minhas notas razoáveis eram o pretexto perfeito para que os malandrinhos tecessem críticas ao meu estilo de vida.

- Sinto muito por você... Até me lembro de uma citação do Rui Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” 


  - Aprecio muito essa citação do saudoso autor. No entanto, sei que rancor corrói a alma. Não vale a pena ficar com o coração dolorido por traquinagem de adolescente. Passou. Passou e não volta mais. No passado, conheci jovem formosa chamada Lúcia. Encantei-me com a formosura da moça em questão. Aconteceu algo de inesperado, então.

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