Durante a
semana seguinte, Ângelo, patrão da nossa protagonista, cessou com o assédio.
Tratava-a de maneira educada, mas, fria e impessoal.
- Preenchesse o relatório mensal? – Questionou o mulherengo.
- Não. Farei isso depois do almoço.
A mensagem
dele é clara: menos é mais. Quando menos Ângelo procurá-la, mais seduzida ela
será. Quando ninguém incomodava, a moça visualizava o perfil do amado nas redes
sociais. Ele havia postado uma foto com uma loira espetacular. O sorriso que
ostentava na face indicava que a fila anda. Lógico que isso é um artifício para
a secretária correr atrás dele. Depois do expediente, a moça foi jantar com
Laércio para discutir os progressos conseguidos durante a terapia.
- O sonho que tive na terapia não conseguiu reforças minha
estima por mim mesmo, porque não consegui encarar o desafio de confrontar com
meu pai. Mesmo assim, estou esperançosa quanto a um recomeço.
- Já tem alguma ideia para começar a escrever livros? Acalenta,
com entusiasmo, o sonho de virar escritora?
- Não sei se é isso que quero. Estou confusa.
- Sabe de uma coisa, minha
querida Amanda? A criminalidade disparou desde que a jornada de trabalho foi
reduzida. As pessoas, simplesmente, não sabem o que fazer da vida. A indústria
cultural banaliza a cultura, massificando-a, vulgarizando-a e fazendo com que
as pessoas consumam doses maciças de entretenimento pobre. A reflexão
proporcionada pela perplexidade diante o mundo fomentada pela filosofia é
substituída por conformismo e alienação. O panorama é sombrio. Nunca que os
empresários lucraram tanto graças à dominação conseguida pela força ideológica
do consenso e da hegemonia de uma cultura pobre. Nós, escritores e filósofos,
podemos não conseguir ganhar rios de dinheiro, porque nosso conhecimento
implica em transformação social, não é um conhecimento instrumentalizado que
fomenta a ampliação da margem de lucro... Mas, somos úteis na medida em que,
juntos, com nossos esforços, fazemos desembocar um arrojado projeto societário
de emancipação do ser humano do jugo da exploração e da ignorância. E isso,
apesar de não dar dinheiro, é mais importante do que ler um livro recheado de clichês
e de qualidade duvidosa, coisas da indústria cultural.
- Eu sei de tudo isso, Laércio. Quero saber como vamos fazer a
nossa parte em prol de um mundo onde o tempo livre seja aproveitado para a
execução de atividades libertadoras, ontológicas, superiores e que induzem a
reflexão e o pensamento crítico.
- A resposta está dentro de você... Nos seus sonhos.
''A resposta está dentro de você''.
ResponderExcluirAdorei. Voce escreve um livro onde a personagem leva o meu nome, haha tambem me chamo Amanda .
Simplesmente amei ler este trecho Felipe. bjos e sucessos
http://aspoesiasdananda.blogspot.com.br/